TODOS SABEMOS QUE A LÍNGUA É DINÂMICA E MUTÁVEL E, POR ISSO, VARIA DE ACORDO COM A ORIGEM DO FALANTE, COM A FAIXA ETÁRIA A QUAL ELE PERTENCE, COM A SUA ESCOLARIDADE, COM O LUGAR ONDE VIVE E TAMBÉM COM OS SEUS INTERESSES. É NECESSÁRIO QUE A ESCOLA ACEITE ESSAS DIFERENÇAS PARA QUE NÃO HAJA DISCRIMINADORES E DISCRIMINADOS E A LÍNGUA SEJA O VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO QUE UNE, ORIENTA E INFORMA.
A DIVERSIDADE NAS SALAS DE AULA...
Em nossa escola, se percebe claramente as diferenças no modo de se expressar que existem entre os alunos descendentes de negros africanos e italianos. Percebe-se que a herança linguística que cada um traz consigo precisa ser trabalhada e aprimorada na escola. Precisamos levar em conta a ideia de que os alunos não falam “errado”, mas sim “diferente”.
As variações presentes em nossa escola são fonéticas, lexicais e de concordância. Alguns exemplos que podem ser registrados dentro das salas de aula:
Modo de falar dos alunos de origem negra | Modo de falar dos alunos de origem italiana |
*”pranta” ao invés de “planta” *”barde” ao invés de “balde” *”soga” ao invés de “corda” *”ropa” ao invés de “roupa” *falá, *dizê” ao invés de “falar” e “dizer” *”Brasiu” ao invés de “Brasil” *”broco” em vez de “bloco” *“trabaio” “fósfro” (em vez de fósforo), “tauba” (em vez de tábua) *“home” em vez de homem *”encarnado” ao invés de “vermelho” *”Nova Parma” em vez de “Nova Palma” “frauta”, “frechas”, “pruma”, “pubrica”, ingrês” no lugar de “flauta”, “flechas”, “pluma”, “inglês”, respectivamente. * “nóis” ao invés de “nós” | *”caroça” ao invés de “carroça” *”Bataia” ao invés de “batalha” *“mio” ao invés de “milho” *ropa” ao invés de “roupa” *”bejo” ao invés de “beijo” *“tamem” no lugar de “também”. *“onte” em vez de ontem *garage” em vez de garagem *“alembrar”, “alevantar”, “avoar”, “aqueixar”, “ajuntar” por “lembrar”, “voar”, “queixar” e “juntar”, respectivamente. *”brasilero”no lugar de “ brasileiro” *“midida”, “pipino”, furmiga”, “ dumingo”, “cumida” ao invés de “medida”, “pepino”, “formiga”, “domingo” e “comida”, respectivamente. *”Tchuco” ao invés de bêbado, *”porta esquite” no lugar de fofoqueiro, *testa grossa (teimoso), |
OBSERVAÇÃO: Muitas palavras que estão na relação anterior podem pertencer tanto aos falantes de origem negra, como aos falantes de origem italiana, já que a convivência entre ambos pode influenciar no modo de falar.
Outra característica marcante e presente na sala de aula é a concordância em número entre as palavras de uma mesma oração. Muitas vezes, além da marcas de oralidade presentes nas falas dos alunos podemos observar falas como:
*Nóis fumo trabaiá na lavora.” Ao invés de “Nós fomos trabalhar na lavoura”.
Há exemplos de oralidade comuns entre todos os alunos como : eu “estóro”, eu “róbo”. Ao invés de eu “estouro” e eu “roubo”.
“ As bandera são muito bonita! No Lugar de “As bandeiras são muito bonitas”!
Pode-se ainda perceber que a diferença nas faixas etárias dos alunos influencia na maneira de falar, pois as crianças de 4ª, 5ª e 6ª séries, por terem como referência marcante os pais e o lugar onde vivem e por terem freqüentado a escola por uma quantidade de tempo relativamente menor que os alunos da 7ª e 8ª séries, apresentam marcas na oralidade que são próprias da família e da comunidade onde residem.
Já os alunos da 7ª e 8ª séries, talvez por terem outros interesses ou por usarem a internet e todas as tecnologias, como computador, o celular com mais frequência ou até pela faixa etária passaram a receber influências externas e essas, por sua vez, levaram os mesmos a usarem uma linguagem diversa daquelas que as crianças menore usam.POSTADO POR VANDERLÉIA E LUCINEIDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário