sexta-feira, 26 de novembro de 2010

DIVERSIDADE LINGUÍSTICA

ENTENDENDENDO A NOSSA LÍNGUA....
Karen é uma menina de origem italiana que mora com seus pais no interior do município de Nova Palma, RS.
Ela é uma garota bastante recatada e muito estudiosa. No final do ano letivo, a menina foi presenteada pelos pais com uma passagem para ir visitar a tia e  as primas em Porto Alegre.
Karen ficou muito feliz com o presente e esperava ansiosa pela viagem. Chegou o grande dia! A menina, acompanhada pelos pais, foi até a rodoviária e embarcou no ônibus rumo à capital. Chegando lá, foi recebida calorosamente pela tia Eduarda e por Mônica e Carla, suas primas. Karen estava maravilhada com a cidade e com a quantidade de carros e pessoas.
Depois de se reencontrarem e de se dirigirem à casa de sua tia, Karen disse:
_ Vô tomá um banho e descansá! O ônibus me dexo cansada.
Depois de uma soneca e do banho, Karen disse:
_ Tô com muita fome. A minha bariga tá vazia!
Mônica, que estava junto com a menina, achou estranho o modo de falar de Karen, mas não fez nenhum comentário a respeito disso. Apenas falou:
_ Está bom, disse Mônica. Vou pedir para minha mãe preparar um lanche para nós, pois também estou com fome. À noite, quando as duas irmãs foram dormir, Mônica comentou:
_ Carla, tu notaste que Karen fala diferente?
A outra respondeu:
_ Sim, mas conseguimos compreender o que ela diz e isso já está bom.
No outro dia, ao preparar o café da manhã, tia Eduarda pediu que Mônica fosse à padaria buscar pão. Mônica convidou Karen para fazer-lhe companhia. No caminho, as duas conversavam e riam muito. Chegando lá, Mônica dirigiu-se ao padeiro:
_ Por favor, quero dez cacetinhos.
Nesse momento, Karen saiu correndo para fora da padaria, quase foi atropelada pelos carros e Mônica, desesperada, saiu correndo atrás dela. Quase não conseguiu alcançá-la de tanto que a outra corria.
_ Karen, Karen, espere.
_ O que aconteceu? Perguntou Mônica.
_ Tu pediu dez cacetinhos! Eu é que não ia esperá pra apanhá dentro da padaria.
_ O quê?? Apanhar? Dentro da padaria? O que tu estás querendo dizer?
_ Tu não pediu dez cacetinho?
_ Pedi.
_ O padero ia trazê dez porete. Fiquei apavorada, ora, apanhá de que nem conheço. Lá em casa, quando o pai pega um cacetinho ai de mim. Não gosto nem de pensá na tunda que vô tomá.
_ Não é nada disso, querida prima. Na verdade, eu pedi dez pães franceses que popularmente chamamos de cacetinhos.
As duas caíram na risada e muito contentes foram para casa. Ao chegarem, a mãe falou:
_ Puxa meninas! Quanto tempo vocês demoraram! Cadê os pães?
_ Os pães?! Meu Deus, os pães ficaram na padaria.
Então Mônica contou à mãe e à irmã o que havia acontecido. Depois de rirem muito, Eduarda, que era professora de Língua Portuguesa, esclareceu a situação às meninas, dizendo:
_ Meninas, a nossa língua é riquíssima e mutável. O modo de falar das pessoas, o vocabulário usado varia de região para região, podendo ser diferente até mesmo dentro de uma cidade. Carla perguntou à mãe:
_ Mãe, mas todos nós não falamos o Português?
_ Claro, minha filha! Na realidade, a Língua Portuguesa possui variedades, pois não se fala do mesmo jeito em todas as regiões do país.  Essas variações dependem da classe social do falante, do sexo, da faixa etária, da origem, do lugar onde vive, da escolaridade, entre outros.
_ Ah....
_ As variedades linguísticas existem e precisam ser respeitadas, e o seu uso não deve ser considerado errado, pois são maneiras diferentes de se falar a mesma. Disse Eduarda.
_ Agora, meninas vão à padaria e busquem os pães, pois o padeiro deve ter estranhado muito a atitude vocês. E mais, estou morta de fome...
Uma língua muda no tempo e no espaço, com as instituições, com os usos e  costumes, com as exigências e com os interesses dos indivíduos que a empregam.
O ensino de língua Portuguesa também precisa abordar temas como variantes linguísticas e fenômenos da língua, para informar o aluno sobre o uso prático da língua, assim evitando preconceitos e nunca deixar de mencionar seu valor social, para instruí-lo quando ele deve usar o Português padrão.
A nossa língua pode apresentar muitas variações, que podem ser fonéticas (em relação ao som), lexicais (sobre o vocabulário), semânticas (sobre o sentido das palavras) e em relação ao uso da língua, que varia conforme a situação e a condição sociocultural do falante e também em relação às diferenças geográficas.
Então, é preciso admitir que as pessoas não falam “errado”, apenas falam “diferente”... Basta compreender o que eles dizem para que o processo comunicativo tenha sucesso!



POSTADO POR VANDERLÉIA E LUCINEIDE

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